terça-feira, 17 de janeiro de 2012

VENEZIA

CRISTAIS DE MURANO





Sabe-se da existência da família Seguso desde o século XIII por citações documentais em um depoimento de um Seguso mencionando informação ouvida de um seu antepassado. Isso em Murano - ilha de Veneza norte da Itália, em assunto relacionado ao vidro.


A partir do século XV, por determinação do Papa, as igrejas deveriam registrar todos os nascimentos e casamentos, o que permite o levantamento preciso das genealogias através das pesquisas destes documentos.


A história da família Seguso se confunde com a história das famílias vidreiras de Veneza que se confunde com a história do vidro.


Veneza incentivara a produção do vidro pela sua importância em suas relações comerciais com o oriente. Para melhor controlar esta atividade transfere para a ilha de Murano, a 700 metros de Veneza, as 45 famílias vidreiras, inscritas no Livro de Ouro de Murano, que passaram a ter regalias da nobreza, conforto e inclusive o direito de cunhar suas próprias moedas de ouro e prata. Entre estas encontramos a família Seguso, que até hoje, ininterruptamente, continua relacionada ao mundo do vidro.


O VIDRO

A história do surgimento do vidro remonta milhares de anos, confundindo-se com a história da humanidade, suas conquistas nas diversas áreas, expansões culturais e territoriais.


Entre 3 e 4 mil anos atrás, sabia-se que através da fundição de elementos naturais em altas temperaturas chegava-se a novos materiais até então desconhecidos, como o ferro e o bronze já bastante utilizados. Em busca de novos resultados pesquisas eram realizadas. 

Indícios nos levam a crer que na região da Mesopotâmia, entre os Rios Tigre e Eufrates, alcançaram um resultado brilhante, opaco e rígido, com características bem diferentes dos metais, lembrando mais um pedra preciosa. 

Eram os primeiros passos para que com esta pasta vítrea, séculos e séculos depois, se chegasse ao vidro como é hoje conhecido.


As matérias fundidas então eram a sílica em forma de areia e quantidade preponderante, o natron - material sódico que baixava o ponto de fundição da sílica, e cinzas vegetais com boa quantidade de potássio e mais alguns óxidos.




Esta mistura precariamente fundida em precários fornos, passava ainda por um processo de purificação difícil e demorado onde eram acrescidos óxidos que lhe davam cores.


O conhecimento deste sistema de produção se expande pela Fenícia, Síria e norte da África, no Egito.

Com esta pasta vítrea eram produzidos pequenos objetos decorativos, de uso pessoal ou doméstico, que se limitava a placas, cilindros, anéis, miniaturas e imitações de pedras preciosas, muito valorizadas e destinadas a elite da época. 


A grande evolução da produção vidreira foi séculos mais tarde quando se passou a utilizar um tubo oco metálico que possibilitava que a pasta vítrea fosse soprada ganhando formas variadas, como garrafas, vasos e vários utensílios. O resultado do desenvolvimento desta ferramenta é a cana de vidreiro até hoje fundamental na produção do vidro artístico.

A expansão do vidro acompanhou a trajetória das conquistas territoriais tendo séculos mais tarde uma grande influência do Império Romano, que havia trazido do Egito artífices que com seus conhecimentos produziram o vidro romano e mais tarde o disseminaram pela Europa.

Na decadência do Império Romano, as famílias que dominavam as técnicas e os conhecimentos vidreiros se espalharam pela Europa.
Alguns grupos específicos se destacaram por motivos próprios, como aqueles de Altare e Veneza no norte da Itália.


Veneza tem um papel muito importante na história do vidro, sua produção era incentivada para fins comerciais com o oriente, tanto que para resguardar seus segredos, em 1290 as fábricas de vidro foram limitadas à ilha de Murano à setecentos metros de Veneza, onde a entrada e saída dos mestres vidreiros eram severamente controlada. Em contrapartida, estes artesãos receberam regalias de nobres inclusive com direito de cunhar suas próprias moedas de prata e ouro.


A importância de Murano, que passou a ser sinônimo do vidro ali produzido, foi a constante busca do aperfeiçoamento das técnicas e qualidade, tendo sido, na ilha no séc. XV descoberto o primeiro vidro cristalino, ou transparente. 


A produção vidreira já era realizada em vários pontos da Europa, Oriente e Ásia. Com o vidro cristalino um novo impulso toma conta do mundo vidreiro. Na Inglaterra, países nórticos e na Bohemia o chumbo é adotado como fundente originando peças utilitárias finas, com sonoridade e brilho intenso.


Murano aperfeiçoa seu vidro artístico, colorido, exigente de um trabalho artesanal e de muita criatividade mantendo assim a tradição das origens egípcias e fenícias.


Enquanto Murano manteve-se produzindo o vidro artístico cem por cento dependentes do trabalho manual, a indústria do vidro implantou cada vez mais as máquinas em sua produção, aperfeiçoando o vidro plano em grande variedade e toda sorte de produtos, de componentes de naves espaciais à panelas, que hoje fazem parte da vida do homem moderno.



Murano, embora descrita como uma ilha da Lagoa de Veneza é de facto um arquipélago de sete ilhas menores, das quais duas são artificiais (Sacca Serenella e Sacca San Mattia), unidas por pontes entre si. Tem aproximadamente 5500 habitantes e fica a somente 1 km de Veneza. Murano é um local famoso pelas obras em vidro, particularmente candeeiros.


Murano foi fundada pelos romanos, e desde o século V foi habitada por gente procedente de Altino e Oderzo. A principio, a ilha prosperou como porto pesqueiro e graças à produção de sal. Era um centro de comércio. Com o porto controlavam a ilha de Santo Erasmo. A partir do século XI a cidade começou a decair devido a muitos habitantes se mudarem para Dorsoduro


Tinham um grande poder local, como o de Veneza, mas desde o século XIII Murano foi governada por venezianos. Contrariamente a outras ilhas da lagoa, Murano cunhava as suas próprias moedas.




Em 1.291, todos os cristaleiros de Veneza foram obrigados a mudar-se a Murano devido ao risco de incêndio, porque a esmagadora maioria dos edifícios de Veneza era construída em madeira. Durante o século XIV, as exportações começaram e a ilha ganhou fama, inicialmente pelo fabrico de missanga de cristal e de espelhos




                                         ( CLIQUE NA FOTO PARA VER AS PEÇAS  )                                                                  

O cristal aventurine foi inventado na ilha e, durante algum tempo, Murano chegou a ser o maior produtor de cristal da Europa. O arquipélago, mais tarde, ficou conhecido pelo fabrico de lustres. 


Embora tenha havido grande queda durante o século XVIII a cristalaria continuou a ser a industria mais importante da ilha.



No século XV, a cidade tornou-se popular como lugar de férias dos venezianos, e construiu-se um palácio, mas esta moda extinguiu-se depois. 



O campo da ilha era conhecido pelas suas árvores de fruta e jardins até ao século XIX, quando começaram a construir-se mais casas.



As atrações da ilha são a Igreja de Santa Maria e São Donato, conhecida pelos seus mosaicos bizantinos do século XII, e porque se diz que alberga os ossos de um dragão que matou São Donato; a Igreja de São Pedro Mártir e o Palácio da Mula.
































As atrações relacionadas com o cristal incluem muitas obras neste material, algumas delas da época medieval, em espaços abertos ao público. Há um Museu do Cristal (Museo Vetrario) que se encontra no Palácio Giustinian.









Nicolace Márcio

2 comentários:

  1. Caro Maestro è davvero divino. La sua ultima pubblicazione sui cristalli è sensazionale! Mi è piaciuto. Un bacio speciale dalla tua...
    Franca

    ResponderExcluir
  2. Grazie per le tue parole sempre gentile e amorevole.
    Un bacio.
    Nicolace Márcio

    ResponderExcluir