domingo, 19 de fevereiro de 2012

CARNAVAL NA ITÁLIA - VENEZA




O Carnaval de Veneza, embora seja bem diferente do carnaval conhecido no Brasil, é famoso por suas máscaras. Dizem que surgiu quando a nobreza se disfarçava para juntar-se ao povo nas ruas. Registradas desde 1268, as máscaras e trajes são caraterísticos do século 18 sendo mais comuns as máscaras nobile.



Na Itália ganharam conotações na “Commedia dell Arte” em personagens como Pierrot, Colombina, Pulcinella e Arlequim. O movimento inspirou o Carnaval de Veneza. Dos grandes bailes, teatros e o Carnaval de Rua, as máscaras em Veneza passaram a ser também peças decorativas, sendo uma das principais atividades econômicas e o souvenir característico.




A Commedia dell'arte foi uma forma de teatro popular improvisado, que começou no século 15 na Itália, se desenvolveu depois na França e que se manteve popular até o século 18. Chamada também de “Commedia All’improviso”, suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas ou em suas carroças em pequenos palcos improvisados. As origens exatas desta forma de comédia são desconhecidas.


Alguns reconhecem nela a herdeira das Festas Atelanas, assim chamadas porque se realizavam na cidade de Atella, na península itálica meridional, em homenagem a Baco. As Fabulae Atellane, farsas populares, burlescas e grosseiras, eram uma das modalidades de comédia da antiguidade romana.


Os personagens eram interpretados por atores usando máscaras, tinham propósitos humorísticos e ridicularizavam militares, banqueiros, negociantes, nobres e plebeus com a finalidade de entreter o público, provocando o riso através da música, dança, acrobacias e diálogos recheados de ironia e humor.


Os personagens da Commedia dell'arte eram divididos em classes: os zanni (servos) que eram os personagens de classe social mais baixa; os vecchi que representam os de classe social mais abastada e os innamorati, que eram os amantes apaixonados.




O Arlecchino era um palhaço, um dos servos; acróbata, amoral e glutão. Ele ama a colombina mas ela apenas o faz de idiota. 



A Colombina é a contrapartida feminina do Arlecchino. Usualmente retratada como inteligente e habilidosa, era uma das servas que levava bilhetinhos e fazia intrigas.


O Brighella, um trapaceiro, de pouca moral e desmerecedor de confiança. Era retratado como agressivo, dissimulado e egoísta.


O Capitano, forte e imponente, mas não necessariamente heróico, geralmente com uniforme militar, mas de forma exagerada e desnecessariamente pomposa. Conta vantagens como guerreiro e conquistador, mas acaba desmentido.



O doutor era visto como o homem intelectual, mas era uma falsa impressão. Ele é o mais velho e rico dos vecchi, pedante, avarento e sem o menor sucesso com as mulheres.


O Pantalone é um dos vecchi, rico e muito avarento, o arquétipo do velho pão-duro. Não se preocupa com mais nada além de dinheiro. O cavanhaque branco e o manto negro sobre o casaco vermelho, possui uma filha casadoira ou é ele próprio um cortejador tardio.


O Pedrolino também é conhecido como Pierrot, é o servo fiel. Ele é forte, confiável, honesto e devotado a seu mestre. Ele também é charmoso e carismático e usa roupas brancas folgadas com um lenço no pescoço. 


O Pulcinella é esquisito, inspirador de pena, vulnerável e geralmente desfigurado. Na maioria das vezes, um corcunda. Muitas vezes, não é capaz de falar e, por isso, comunica-se através de sinais e sons estranhos Sua personalidade pode ser a de um tolo ou de um enganador. Tem a voz estridente e sua máscara tem um nariz grande e curvo, como o bico de um papagaio. Na França é chamado Polichinelo.



O Scaramuccia e também conhecido como Scaramouche, é um pilantra. Usa uma máscara de veludo negro, assim como também são suas roupas e seu chapéu. Um bufão, geralmente retratado como um contador de mentiras. 


O Scapino tende a fazer uma confusão de tudo o que se compromete e metaforicamente foge de um pensamento, atividade ou interesse amoroso para outro. Astuto, adapta as coisas aos seus interesses.


O coviello tocava seu bandolim e fazia parodias;

podia ser astuto e sagaz, mas também estúpido ou inteligente.


O carnaval de Veneza tem a duração de dez dias, as festas mais concorridas são realizadas à noite e os trajes imitam os usados no século 17.
Sereníssima República de Veneza ( Serenìsima Repùblica Vèneta, em vêneto e Serenissima Repubblica di Venezia, em italiano), muitas vezes chamada apenas de Sereníssima, no nordeste da Itália, com capital na cidade de Veneza, foi um Estado que existiu do século nono até 1797 quando, ao ser invadida por Napoleão Bonaparte, foi cedida ao Império Austríaco pelo Tratado de Campofórmio.
Na Europa medieval,especialmente em Veneza, o Carnaval era, igualmente, a festa da saciedade e da inversão. A inversão de valores e de costumes vinha desde a quebra da hierarquia até ao que aborrecia ou atrapalhava: o empregado era servido pelo patrão, o pobre ironizava o poderoso, o homem se fantasiava de mulher, num travestismo consentido e incentivado. 
E o carnaval passou a representar o contrário do ritual codificado. Distribuía-se comida aos pobres, para que ficassem saciados numa época em que, normalmente, passavam fome.
Todos esqueciam as mágoas e entravam numa espécie de país das maravilhas Nas festas pagãs, os deuses e heróis eram motivo para ironia e os religiosos também participavam do clima, simulando brincadeiras obscenas.
Máscaras e fantasias

O primeiro registro do uso de máscaras e fantasias vem de uma lei do ano de 1268, que autorizava o porte não somente no carnaval mas, também, durante seis meses do ano.
O anonimato sempre foi uma árvore de sombra frondosa e atos fora da lei e atitudes transgressoras, subversivas e imorais passaram a ser acontecimentos comuns. E o cidadão veneziano incorporou, durante a metade do ano, o hábito de sair às ruas mascarado e agir como bem lhe aprouvesse.
Durante séculos, essa total impunibilidade adquirida no Carnaval, ao mesmo tempo em que contribuiu para a estabilidade econômica de Veneza, precipitou sua queda. Cada pessoa desejava aproveitar a riqueza e os prazeres que ela podia comprar e multiplicar. E a festa pagã, que cada vez durava mais, fazia com que os dias da cidade fossem ficando literalmente contados.

Começando em outubro, o carnaval tornara-se a grande atração com bailes de mascaras e fogos de artifício, abusos sexuais, bacanais, orgias.
Vinha gente de toda Europa para aproveitar a transgressão consentida e regulada por decreto.
E todo mundo ganhava:  os hoteleiros, os donos de restaurantes, os gondoleiros e os fabricantes de máscaras.  Transformada em cidade das festas e prazeres, Veneza viu diminuir sua influência política.



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